quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Orientalismo

Livro lindo esse que eu tinha guardado aqui há uns anos e de repente me pareceu o momento certo de lê-lo: Orientalismo, de Edward W. Said. Só acho importante dizer que eu tenho ele comprado ainda antes de começar a graduação, haha, dado o interesse que eu sempre tive por aquelas bandas que a gente generaliza e chama de 'Oriente', principalmente Japão e Índia, então comprei o livro pra ver por uma perspectiva diferente. Enfim, tudo da faculdade veio entrando no caminho dele, até agora. E olha que falaram mais de uma vez dele na faculdade! Imagina o orgulho de tê-lo. :):) Bom, vamos primeiramente ao que há na parte de trás do livro: "Publicado em 1978, este clássico dos estudos culturais investiga os vínculos profundos entre a expansão colonial europeia e norte-americana e a constituição de um imenso corpo de saber literário, erudito e científico sobre o Oriente. Segundo Edward W. Said, mais que um nome geográfico, o Oriente é uma invenção ocidental, um selo que marca as civilizações a leste da Europa sob o signo do exotismo e da inferioridade. Ao investigar o Orientalismo como disciplina acadêmica, gosto literário e mentalidade dominadora, Said vai e volta do século XVIII aos dias de hoje, das traduções das Mil e uma noites à construção do canal de Suez, das viagens de Flaubert e 'Lawrence da Arábia' às aventuras de Napoleão no Egito. Um livro fascinante e indispensável". Até aí tudo bem, ce pensa 'nossa, que interessante!', mas eu aproveitei e recortei o trecho no qual o autor procurou definir a ideia, transcrevendo-o: "[...] o Orientalismo não é um simples tema ou campo político refletido passivamente pela cultura, pela erudição ou pelas instituições; nem é uma grande e difusa coletânea de textos sobre o Oriente; nem é representativo ou expressivo de alguma execrável trama imperialismo 'ocidental' para oprimir o mundo 'oriental'. É antes a distribuição de consciência geopolítica em textos estéticos, eruditos, econômicos, sociológicos, históricos e filológicos; é a elaboração não só de uma distinção geográfica básica (o mundo é composto de duas metades desiguais, o Oriente e o Ocidente), mas também de toda uma série de 'interesses' que, por meios como a descoberta erudita, a reconstrução filológica, a análise psicológica, a descrição paisagística e a sociológica, o Orientalismo não só cria, mas igualmente mantém; é, mais do que expressa, uma certa vontade ou intenção de compreender, alguns casos controlar, manipular e até incorporar o que é um mundo manifestamente diferente (ou alternativo e novo); é sobretudo um discurso que não está absolutamente em relação correspondente direta com o poder político ao natural, mas antes é produzido e existe num intercâmbio desigual com vários tipos de poder, modelado em certa medida pelo intercâmbio com o poder político (como um regime imperial ou colonial), o poder intelectual (como as ciências dominantes, por exemplo, a lingüística ou a anatomia comparadas, ou qualquer uma das modernas ciências políticas), o poder cultural (como as ortodoxias e os cânones de gosto, textos, valores), o poder moral (como as ideias sobre o que 'nós' fazemos e o que 'eles' não podem fazer ou compreender como 'nós' fazemos e compreendemos). Na verdade, o meu argumento real é que o que o Orientalismo é - e não apenas representa - uma dimensão considerável da moderna cultura político-intelectual e, como tal, tem menos a ver com o Oriente do que com o 'nosso' mundo". Recomendado!

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