domingo, 23 de novembro de 2014

Crepúsculo dos ídolos - Nietzsche

"Crepúsculo dos ídolos" foi um dos últimos livros publicados pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche antes de este se acamar e não conseguir mais produzir. Seu último livro, "Ecce Homo", é o meu próximo e último livro a ser lido do filósofo, e marca o breaking point da "loucura" em Nietzsche. Sobre este só posso tecer comentários no próximo ano, mas com 6 anos de experiência em Nietzsche, com certa especialização, há certas afirmações dos livros anteriores que tento fazer. No entanto, esse assunto cabe ao meu outro blog ou conversas pessoais, aqui só dou a recomendação. :) O ano em que Nietzsche deixou de ser "lúcido" é 1900, ele escreveu seus últimos 2 livros sucintos em 1888: "Crepúsculo dos ídolos" e "Ecce Homo", por isso é difícil afirmar a maturidade dessas obras uma vez que ele pretendia escrever muitos ainda - pelo menos mais 3 livros de Zaratustra etc. "Crepúsculo" é o entardecer de algo que há muito se fez brilhar e prevalecer, para nós uma palavra que remete ao sol, para Nietzsche a palavra correta para "botar para dormir" os "ídolos", ou seja, todas as figuras adoradas ao longo da história da humanidade, como Platão e Kant. De forma objetiva: um livro sobre "como destruir com o martelo", no qual Nietzsche põe algumas teorias exploradas nos livros anteriores em prática e questiona diretamente os pensamentos daqueles considerados "grandes". Os temas padrão retornam questionando a moralidade cristã, a adoração da razão, a crença num mundo real além do aparente, as ideias modernas e seus representantes. Critico desde sempre e continuarei criticando a posição machista e aristocrática de Nietzsche, mas sua genialidade perceptiva para as tendências da época e contribuição à crítica do pensamento são inegáveis e fundamentais. Segue um aforismo: "Indiquei como Sócrates fascinava: ele parecia ser um médico, um salvador. É necessário também apontar o erro que havia em sua crença na 'racionalidade a qualquer preço'? - Os filósofos e moralistas enganam a si mesmos, crendo sair da décadence ao fazer-lhe guerra. Sair dela está fora de suas forças: o que elegem como meio, como salvação, é apenas mais uma expressão da décadence - eles mudam sua expressão, mas não a eliminam. Sócrates foi um mal-entendido: toda a moral do aperfeiçoamento, também a cristã, foi um mal-entendido... A mais crua luz do dia, a racionalidade a todo custo, a vida clara, fria, cautelosa, consciente, sem instinto, em resistência aos instintos, foi ela mesma apenas uma doença, uma outra doença - e de modo algum um caminho de volta à 'virtude', à 'saúde', à felicidade... Ter de combater os instintos - eis a fórmula da décadence: enquanto a vida ascende, felicidade é igual a instinto. -"

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